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Mercado internacional de olho no grande potencial da macaúba para produção de óleo

A ideia é fazer o cultivo no sistema agrosilvopastoril, que busca integrar lavouras, florestas e pastagens para gado.

por Weslley Raphael
20/10/2016 - 10h22

Há 3 anos, o 1º Congresso de Macaúba reuniu no Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) pesquisadores e representantes de vários segmentos da sociedade. Naquela ocasião, foi apresentado ao público em geral o grande potencial desta planta nativa rústica da nossa região e, consequentemente, do cerrado mineiro, além do interesse é claro das indústrias de energia renovável para a produção de biodiesel e de cosméticos para utilização do óleo extraído dos frutos para diversos fins.

Nesta quarta-feira, dia 19/10, uma comitiva com representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Embrapa Cerrado, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Athelia Clima Fundo, Inocas Soluções em Meio Ambiente, Viveiro Nativo, IDB-MIF, Hanei Green, Perfil Agrícola Ltda., Aboissa, entre outros investidores foi recebida pelo prefeito Pedro Lucas Rodrigues. 

O motivo da visita é reforçar o apoio e suporte do Município no desenvolvimento do projeto totalmente sustentável, que tem como uma das premissas promoverem o crescimento econômico, social e ambiental dos produtores rurais da agricultura familiar. 

Apesar do número grande de produtores rurais em nosso município e região, apenas cerca de 100 famílias devem ser cadastradas na fase inicial. “A prioridade do BID são os agricultores familiares, mas nada impede que no futuro, médios e grandes produtores participem também deste projeto”,disse um dos investidores. 

O prefeito de Patos de Minas ressaltou a importância do projeto para a cidade e para a região, uma vez que o terreno para a construção da indústria de processamento do óleo de macaúba foi cedido pelo município e será construído nas proximidades do Distrito Industrial III, ocupando uma área total de 9 mil m², perto da Suinco, já tendo sido, inclusive, aprovada a cessão da área pela Câmara Municipal. 

“O município é parceiro deste grande projeto, talvez um dos maiores dos últimos anos em nossa cidade”. Segundo o prefeito, “além da cessão da área para construção da indústria, esta parceria também deverá ser em forma de apoio as pesquisas e a instalação da unidade de beneficiamento para a produção do óleo de macaúba em Patos de Minas.”

Atualmente o Brasil importa mais da metade do óleo de palma da Malásia, sendo que, 51% de todos os óleos produzidos aqui são originários desta planta. 

A macaúba, embora seja uma espécie nativa da America do Sul, ainda não é explorada comercialmente no Brasil. “O cerrado se viabilizou pela tecnologia usada na agricultura, e a Inocas Soluções em Meio Ambiente já vem com seu laço tecnológico para explorar o cultivo, produção e exploração deste mercado totalmente sustentável”, frisou Marcelo Fideles Braga, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 

Com uma produção de 50 kg de castanha por árvore, estudos da Embrapa mostram que é possível colher até 170 kg em média por pé. “Com análise de solo e outros tratos culturais é possível aumentar significativamente a produtividade”, informou.

Enquanto outras culturas anuais como a soja, por exemplo, impõem vários impactos ambientais, a macaúba é perene contribuindo para o equilíbrio ambiental e recuperação de áreas degradadas. 

Os próprios órgãos governamentais como o Ministério do Meio Ambiente tem acompanhado de perto os possíveis benefícios que virão com o cultivo comercial.“A lista de impactos ambientais positivos é extensa como quebra do vento, diminuição da erosão e do desmatamento, resgate de carbono, pois a plantação de macaúba retira quantidades enormes de CO2 da atmosfera, sem contar que uma árvore vive 90 anos”, salienta Johannes Zimpel, diretor da Inocas. 

Este ano ainda inicia-se a colheita nativa, ou seja, dos frutos dos maciços encontrados nas fazendas da nossa região e realizado o plantio da primeira área. A ideia é fazer o cultivo no sistema agrosilvopastoril, que busca integrar lavouras, florestas e pastagens para gado. 

“Nos três primeiros anos os agricultores terão que reservar a área para o cultivo da macaúba, depois é possível consorciar com outras atividades como a pecuária. Neste período, os produtores serão recompensados financeiramente”,, garante o diretor da Inocas, Johannes Zimpel. 

Até o final de 2017 serão produzidas 100 mil mudas de macaúba para o cultivo de dois mil hectares, que serão colhidos no final de 5 anos. Todas produzidas em viveiro. Este era um dos maiores entraves, pois a cada 100 frutos apenas dois germinavam. Mas os pesquisadores do IAC conseguiram grandes avanços e reduziram a taxa de dormência. “Conseguimos um salto para 100% tornando economicamente viável a exploração do negócio”, explica o professor Joaquim Avelino de Azevedo Filho, do Instituto Agronômico de Campinas.

Ao término do encontro o grupo de investidores posou para uma foto oficial que marca a concretização do empreendimento em Patos de Minas e sinalizou a necessidade de promover o 2º Congresso de Macaúba. “É importante levarmos todas as informações para a sociedade e para os produtores rurais, porque serão eles que arregaçaram as mangas e colocaram as mãos na terra para cultivar a macaúba e produzir o óleo”, finalizou o prefeito. 

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