A possível implantação de corredores de ônibus nas ruas centrais de Patos de Minas tem gerado discussões fervorosas entre os moradores da cidade. A iniciativa, que faz parte das sugestões apresentadas pela empresa Jaime Lerner Arquitetos Associados, contratada pela administração municipal para diagnosticar o trânsito local, está no centro do debate. A proposta visa melhorar a circulação viária e os serviços de transporte público na região, mas encontra resistência em diversos setores.

Na última terça-feira, dia 16 de julho, estava programada uma audiência pública para a apresentação do Projeto de Diretrizes Gerais para Circulação Viária da Área Urbana e dos Serviços de Transporte Público. No entanto, a prefeitura cancelou o evento, alegando que a realização da audiência durante o período eleitoral não seria apropriada. O cancelamento foi oficialmente comunicado através do Diário Oficial Eletrônico do Município, deixando a população sem uma nova data definida para a discussão.

O cancelamento da audiência pública gerou frustração entre os cidadãos, que esperavam obter respostas sobre a possível implantação dos corredores de ônibus e outras alterações no trânsito propostas pelo escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados. O contrato com a empresa, firmado sem licitação e avaliado em quase R$ 1 milhão, tem como objetivo principal identificar soluções para o sistema viário e de trânsito do perímetro urbano de Patos de Minas. A proposta inclui a implantação dos corredores de ônibus nas ruas Major Gote e Doutor Marcolino a partir de 2025, medida que já enfrenta oposição, especialmente entre comerciantes locais que temem prejuízos econômicos.

A resistência à proposta não se limita aos comerciantes. A experiência de Uberaba, onde um projeto semelhante foi implementado com a consultoria da mesma empresa, serve de alerta. Um estudo conduzido por uma estudante de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia, publicado no final de 2020, revelou consequências negativas da implantação dos corredores de ônibus em Uberaba. O estudo apontou o fechamento de diversos comércios, impacto negativo na receita dos comerciantes que permaneceram e a ausência de melhorias significativas nos percursos e tempos de viagem dos usuários de transporte público.

A situação em Patos de Minas reflete a complexidade de implementar mudanças urbanísticas que afetam diretamente a vida cotidiana dos cidadãos. Enquanto a proposta dos corredores de ônibus visa melhorar a eficiência do transporte público, a falta de diálogo e transparência sobre os impactos econômicos e sociais do projeto gera descontentamento e incertezas. A administração municipal enfrenta agora o desafio de conciliar os interesses diversos da população, promovendo um debate inclusivo e bem-informado sobre as melhores soluções para o trânsito da cidade.

Com o adiamento da audiência pública, resta aguardar uma nova data para que a população possa expressar suas opiniões e preocupações. A participação cidadã será crucial para definir o futuro do projeto e garantir que as mudanças no sistema viário de Patos de Minas atendam de forma equilibrada às necessidades de todos os envolvidos.

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